Há poucas horas eu fiz uma crítica à eficácia da vaChina conforme divulgado pela imprensa: “La garantía soy yo!”. Mas em poucas horas a situação mudou… para pior.
Eu acabei de achar esse gráfico, publicado pela CNN, com alguns dados da vaChina. Não sei qual foi a fonte para a publicação na CNN mas, se esse gráfico estiver correto, a situação é muito pior do que a divulgada na mídia.
Tirando o fato do gráfico ser muito mal feito e confuso mas considerando que reflete o estudo, como interpretar os resultados? Vocês estão vendo aquela letra “p” nos casos Moderados e Graves, indicando “p = 0,4967“? Vocês sabem o que é esse “p“?
Sem entrar em detalhes estatísticos, ele representa a probabilidade de que a diferença entre as taxas de infecções ocorridas entre os grupos de vacinados e não-vacinados tenha ocorrido ao acaso.
O padrão nos estudos clínicos e epidemiológicos é considerar que um tratamento é melhor do que o placebo (vacina x não-vacina) apenas se a probabilidade da diferença entre os grupos ter ocorrido ao acaso for menor do que 5% (p < 0,05). O jargão científico para isso é “estatisticamente significante“.
Bem… a probabilidade das diferenças entre vaChinados e não-vacinados ter ocorrido ao acaso foi de 49,67% (p = 0,4967), quase 10 vezes maior do que o limite onde se consideraria que o tratamento teve algum efeito, ou seja: a vaChina não serviu para nada nos casos moderados e graves. Não houve diferença entre os vaChinados e os não-vaChinados (ou melhor dizendo: qualquer diferença encontrada pode ter ocorrido ao acaso).
Ainda não entendeu? Isso significa que para casos moderados e graves a vaChina teve a mesma eficácio do que o placebo, não serviu para nada nos casos moderados e graves.
É um escândalo! Toda a propaganda que está circulando na internet diz que para casos moderados e graves a vaChina teve eficácia. A ser verdade esse gráfico, é o oposto disso! Para casos graves e moderados tanto faz você tomar a vaChina ou um copo de água gelada, o resultado é o mesmo. Claro, levando em consideração que os dados apresentados nesse gráfico representem corretamente os dados do estudo.
Para casos Muito Leves (p = 0,0029) e para casos Leves (p = 0,0049) aí, sim, o resultado foi estatisticamente signicante (p < 0,05). Notou que há um asterisco no “p” dos casos leves e muito leves? Isso é um padrão para indicar que aí sim, há uma diferença. Até há uma legenda no gráfico explicando que para essas situações houve significância estatística.
Isso nos diz que para casos Muito Leves e casos Leves a vaChina foi melhor do que o placebo, houve uma diferença estatística. OK, mas encontrar uma diferença estatística é só encontrar a primeira resposta.
Agora vem a decisão importante: essa diferença estatística reflete uma diferença clínica importante o suficiente para justificar o gasto com esse produto? Vale a pena gastar milhões e milhões de dólares para a vaChina que só mostrou eficácia para casos Muito Leves e casos Leves? Casos que se resolveriam praticamente sozinhos (com, sem ou apesar do médico)? Casos que não precisam de hospitalização? Ainda mais quando há outras vacinas no mercado com eficácia muito melhor?
Eu penso que não.
E é inacreditável que os pesquisadores do Instituto Butantan estejam calados deixando essas informações falsas de que a eficácia é de 100% nos casos moderados e graves circular pela internet. Eles têm a obrigação moral de vir a público e esclarecer o mal entendido (ou então divulgar os dados originais e provar que o gráfico da CNN está errado).
Se eles não fizerem isso cabe a nós questionar: Qual o interesse do Butantan em deixar uma informaão falsa sobre a eficácia da vaChina circular na internet? Toda a imprensa está repetindo que a vaChina tem eficácia de 100% para casos moderados e graves. ISSO E FALSO, é o oposto disso, para esses casos a vaChina tem a mesma eficácia que o placebo: nada.